segunda-feira, 12 de abril de 2010

O Relato de Arthur Gordon Pym



Escrito em 1838, o Relato de Arthur Gordon Pym (The Narrative of Arthur Gordon Pym of Nantucket)é o único romance completo de Edgar Allan Poe. Á primeira vista é um típico romance de aventura do século 19, com viagens marítimas, perigos mortais e lugares exóticos. Porém, o livro até hoje intriga muita gente por possuir passagens obscuras com estranhas simbologias, que surgem nos últimos capítulos culminando em um final assombroso e inexplicável.

O romance começa apresentando o personagem título, um garoto americano nascido na ilha de Nantucket, onde junto com Augusto, seu amigo filho de um navegador, alimenta um grande desejo de viajar pelo mundo á bordo de um navio. Após algumas aventuras envolvendo o pequeno barco da dupla, Arthur finalmente vê uma oportunidade de realizar seu sonho quando o pai de seu camarada se prepara para uma longa viagem comandando um navio baleeiro, o Grampus. Escondido na embarcação por seu amigo que também fazia parte da empreitada, o protagonista aguarda até que o Grampus se afaste demais da ilha para se dar ao trabalho de mandá-lo de volta, para só então revelar sua presença e seguir como tripulante. Entretanto, essa aventura acaba tomando um rumo inesperado e terrível.

Depois de passar um longo tempo trancado no porão do barco, Arthur descobre que o mesmo foi tomado por um motim. Ele conta com a ajuda de seu fiel amigo Augusto e de Dirk Peters, um forte homem descendente de nativos norte-americanos que só quer guiar o navio até um lugar onde possa viver livre. Arthur e seus companheiros enfrentam o motim, mas uma série de desventuras que se seguem a ele. Após o naufrágio do navio em uma tempestade, os sobreviventes encaram tubarões, um macabro navio , e o pior: as condições de vida precárias da deriva em alto-mar, que resultam em uma luta desesperada por comida e água.

Após a longa batalha pela sobrevivência, o resgate de uma escuna inglesa parece trazer a salvação, mas só os leva em direção a um rumo ainda mais incerto: uma expedição pela Antártida que encontrará caminhos desconhecidos, feras selvagens e um estranho povo mais perigoso do que aparenta.

Esse romance de Poe foi muito criticado na época em que foi lançado por trazer alguns erros geográficos nas referências náuticas, além de ter sido apresentado como um relato verídico, o que mesmo tendo sido desmentido depois foi apontado como falta de responsabilidade do autor já que ele tomou diversas licenças poéticas. De fato, apesar de Poe ter se baseado em vários relatos reais de navegadores e em suas próprias experiências no mar, a Antárdida era na época um local ainda pouco conhecido pelo homem, e esse mistério em torno do continente gelado fez com que nele surgissem cenários curiosos e ricos em detalhes, embora totalmente saídos da imaginação do escritor americano. A ambientação criada por Poe faz referência inclusive á bizarra Teoria da Terra Oca, que sugeria a existência de outro mundo no interior do planeta, iluminado por um sol interno. Os segredos do continente antártico que aos poucos vão sendo revelados pela escuna Jane Guy são hoje uma das partes mais interessantes desse romance, escrito em uma época na qual diversas regiões do mundo ainda eram cobertas de sombras. Edgar Allan Poe também faz uma peculiar sátira ao racismo, que fica mais visível no estranho jogo de preto e branco que preenche a parte final do romance, cujo propósito real não é esclarecido.

Apesar do ritmo detalhista que pode não agradar a leitores modernos, O Relato de Arthur Gordon Pym é uma leitura essencial para os apreciadores da literatura de ficção clássica. Além de ser o único romance publicado de Poe, ele serviu de referência para obras que vão do Moby Dick de Herman Melville até o Nas Montanhas da Loucura de H.P.Lovecraft, tendo também influenciado bastante o escritor argentino Jorge Luis Borges, que considerava o Relato o melhor trabalho de Poe.

9 comentários:

  1. Juro que, agora que eu li me deu muita vontade de ler *-*. Parece muito bom, este livro. É bom ler livros antigos de outra época, é uma cultura diferente, muito bom. As teorias da época sobre o mar e outras terras eram ótimas, fora o fato das condições de um navio. Ah, agora eu quero ler, e o próximo vai ser Moby Dick. *-* Ficou muito bom seu texto sobre o livro *---*, Adoorei. *o*

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  2. eu qro ler esse livro *-* o Poe pirado tem uma linguagem mto legal... li alguns contos dele =D *-*~
    Vc escreve mto bem, Bardo *-*

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  3. Vitória! \o/ Ficou ÓTIMA a resenha, parabéns, aniki! Apresentou bem do que se trata o livro sem estragar e atiçando a curiosidade de todo mundo! E Allan Poe é Allan Poe, afinal, né? XD Vou ver se leio quando o mundo me der uma folga... Parabéns de novo!

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  4. Nossa, ficou ótima a resenha, muito bem estruturada e escrita. Congratulations x] Principalmente por ser do POE, olha a responsa... Mesmo que o cara fosse um depressivo/gay; era um ótimo escritor.
    Adorei Uma x]

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  5. Maninho!! A Resenha ficou ótima... Fiquei super curiosa pra ler o livro, ainda mais que é do Edgar Allan Poe ^^/
    Ficou muito bem escrito... PARABÉNS
    =**

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  6. Se eu corrigisse essa resenha sua, te dava 10 -a *professora*
    Fiquei com muita vontade de ler esse livro! Minha tia o tem, mas sempre que me deparava com ele na casa dela, o ignorava. Vou pedí-lo emprestado. Você escreve muito bem! *-* *orgulhosa*

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  7. Esse livro realmente é demais! Já li e posso apostar meu dedinho da mão esquerda como ele é excelente! xD Meu Conto preferido do Edgar Allan Poe é "A máscara da morte Rubra"...

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  8. Correção: Poe não era inglês, era americano.

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  9. Ahhr, muito bom marujo, já está consertado!

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