quinta-feira, 20 de maio de 2010

Contos de Sal e Ouro - II


O Chevalier ancorou perto de uma praia branca pontilhada por rochas negras, em um ponto isolado da costa de Iroko, próximo às montanhas que se destacavam na paisagem tropical. Devido ao receio com as coisas estranhas que estavam lidando, a tripulação preferiu passar a noite na embarcação e só na manhã seguinte Mariette, Parker, o lagarto e mais um grupo de marinheiros seguiram nos botes em direção ao litoral. Parker recusou a todo custo seguir no mesmo barco que o reptante, que parecia à vontade na água, chapinhando com a cauda nas ondas. O imediato sentiu um arrepio gelado lhe tomar o corpo até chegar à terra firme, se afastando o máximo possível do outro bote e distraído esbarrando em alguém. Era a capitã, que lhe deu um olhar penetrante de desaprovação. Parker engoliu em seco e, antes que ela falasse algo, olhou para trás tentando disfarçar. Foi quando notou algo que fez um gosto de ferrugem subir das suas entranhas.

O homem-lagarto estava olhando para ele, com aqueles olhos inumanos de predador que traziam a morte escrita, diretamente para ele. Ele podia perceber uma curiosidade maliciosa estampada naquele olhar dissimulado de réptil, naquelas pupilas fendidas flutuando em repugnantes olhos amarelos. Ele quase podia sentir o hálito fétido da criatura dali, enquanto ela o fitava como se fosse saltar sobre sua jugular a qualquer momento...

-PARKER, sa'besta inútil! Se fosse pra ficar aí na praia com essa cara de concha era melhor cê ter ficado no navio!

Com essas gentis palavras gritadas pela capitã, Parker voltou á realidade e viu Mariette o observando impaciente na margem do matagal do lado oposto da praia, já adentrando a vegetação escura com um grupo de tripulantes. Ele correu desajeitado pela areia antes que tivesse que ficar com o grupo do outro bote, e com o tenebroso lagarto bípede, que aparentemente havia perdido o interesse nele e começava a guiar os marinheiros que iam com ele. Mas o bicho podia ter farejado o medo dele e estar sendo dissimulado agora, ah se podia...

Se apressando para não ficar para trás, ele percebeu na metade do caminho que os corsários já estavam se adiantando na trilha. Bufando de raiva e falando um palavrão ele foi tentando alcançá-los, caminhando hesitante pela pequena selva. Seus pés afundavam na terra úmida, e o mato atrapalhava seus movimentos. Ele tentava se concentrar nos companheiros que cada vez ficavam mais distantes dele, cruzando com facilidade o caminho precário. Mas a trilha o distraía com raízes que pareciam surgir do nada, teias de aranha do tamanho de janelas e malditas poças barrentas que iam quase até o joelho. Após cruzar essas poças, Parker sentia uma coceira irritante em suas canelas. De início, ele achou que fosse apenas a sujeira na água, mas ao parar para desenganchar a barra da calça de um tronco, ele notou os seres molengos se movendo sobre sua pele. Sanguessugas. Parker cerrou os dentes em uma careta de nojo e começou a arrancar os vermes já inchados, que deixaram suas pernas cobertas de pontos vermelhos. Havia uma legião daquelas coisas pretas penduradas, e ele com angústia removeu todas até se dar conta da besteira que havia feito. Engolindo em seco, ele levantou a cabeça e procurou por algum tripulante do Chevalier em vão.

Parker havia se perdido.

14 comentários:

  1. Com medo de homem-lagarto? Esse aí precisa se aventurar mais pelas terras de Tawosret... =P

    Muito legal o conto, continue! o/

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  2. Pelo jeito tem gente tão perdida quanto o Parker aqui no blog. Já coloquei o link pra primeira parte, mas era só conferir o arquivo.

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  3. a perna dele vai ficar TODA INXADA de VENTOSAS DE SANGESSUGAS JBDJHFGBDOSFLJASHFUSAHODILABDOIASLHFOAISFHB /eurilitros

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  4. Esse tempo sem tecnologia de telecomunicações é um perigo mesmo. Porém, com a sorte que esse cara tem, mesmo que toda tripulaçao estivesse com celular ou qq outro tipo de comunicador, o dele perderia o sinal! *risada maléfica*


    AH! E trate de produzir esses contos a ritmo acelerado! UM POR DIA!
    Aí a gente fica feliz = P

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  5. Interessante cara.Gostei da temática.Também tenho blog com essa abordagem.http://mundodastrevasbygabriel.blogspot.com/

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  6. Curti. texto fluente, bem agradável de ler. Veremos o que acontece com o pobre Parker. \o/

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  7. Ixa
    Que meda -N
    ASDJASOIDJ o homemmm largatooo tá correndo atras de mimmm /homem-macaco fail
    Ta, não sei fazer nenhum comentário produtivo, e se eu disser que vc escreve super bem.. Bom, eu escrevo isso toda vez que comento aqui i_iV
    *Se sentindo uma amiga inútil e insensível, o que talvez seja mesmo KK*
    Mas gostei. Sempre bom ler coisas diferentes.
    Nunca li nada nesse tipo de história ^^
    Acho interessante a abordagem de um tema tão exótico e não-comum, misturando elementos do Homem Aranha (o doutor largatixa verde -n) *Tentando fazer um comentario produtivo e intelectual /fail*
    SAODJASOIDJASJDOAISJDAOISJD
    BAH, está ótimo, mesmo ^^
    continue assim!! ;D
    ;***

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  8. To tensa! O que vai acontecer com o Parker? txã txã txã...

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  9. Kkkkkkkk!!! Por quê todo Parker é mordido por animais pequenos e se torna um mutante?

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  10. Parker: Olha, manolos, umäs ameichas vivas! Ariraari! Manolos? Manolos? FUUUUUUUUUUUUUUUU!

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  11. UUUUUUUUUUUUWWWWWWWWWWOOOOOOOOOOOOO *-*

    Bardo tu é fantástico ;O

    Quando sai a parte III? :o

    *-* Muito show ^^"
    \o

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  12. xD adorei a Mariette e hahahaha! Parker se fudeu! \o\

    :3

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  13. Eu li quando você postou, mas ainda não comentei -a
    Medo do homem lagarto -N
    Você escreve muito, Bardo, continua escrevendo mais contos *-*
    Não vou escrever nenhum comentário produtivo, não sou boa nisso -a

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